KHAT

O que é a khat?


A khat (Catha edulis) provém de uma árvore sempre-verde que cresce a grandes altitudes desde o este ao sul da África. A sua substância principal é a catitona. Em África muitas pessoas mastigam folhas frescas de khat para tornarem a vida um pouco mais agradável. Nas áreas rurais começam pouco após o pequeno-almoço, e continuam a mastigar as folhas durante todo o dia. Até as crianças mastigam khat. Os efeitos estimulantes tornam mais fáceis as tarefas diárias. A khat também é usada em diferentes cerimónias, tais como casamentos. O composto activo desaparece após 48 horas, mas a khat seca continua a ter qualidades estimulantes: contém tanina, tiamina, niacina, riboflavina e carotina, assim como ferro e aminoácidos.
Segundo L. Lewin (Phantastica, Narcotic and Stimulating Drugs, 1931) a khat foi adoptada socialmente para produzir excitação, combater o sono, e promover a comunicação. Era usada como substância estimulante para dispersar as sensações de fome e fadiga.
 A khat é uma planta estimulante que produz uma sensação de exaltação e de libertação do espaço e do tempo. Pode causar uma loquacidade extrema, risos idiotas, e eventualmente uma coma parcial. Também pode causar euforia e se usada permanentemente pode levar a uma forma de delirium tremens. Quando mastigada pela primeira vez os efeitos iniciais podem ser desagradáveis e incluir tonturas, lassidão, taquicardia, e por vezes dores abdominais. Sensações gradualmente mais agradáveis substituirão estes sintomas inaugurais. Finalmente a maioria das pessoas que usa khat terá sensações de felicidade, claridade de pensamento, e tornar-se-á eufórica e demasiado energética. Por vezes a khat produz depressão, sonolência, e depois um sono profundo. A maioria dos mastigadores de khat consegue estimar a quantidade que necessita para sentir os efeitos desejados sem sofrer de insónias. Os utilizadores permanentes tendem a sentir uma euforia contínua. Pesquisas de Galkin e Mironychev (1964) provaram isto, mas também que em casos raros o utilizador pode tornar-se agressivo e demasiado excitado.
O efeito de mastigar folhas de khat não pode ser explicado satisfatoriamente pela acção da d-norpseudoefedrina, a qual foi, durante muito tempo, acreditada como único componente estimulante da khat. Um estudo compreensivo da composição química da khat foi conduzido no laboratório de narcóticos das Nações Unidas, com o objectivo de isolar e caraterizar os componentes da planta que actuam no sistema nervoso central.
Este trabalho resultou na detenção e no isolamento da catinona, uma fenilalquilamina caracterizada como (-)-a-aminopropiofenona. É o componente de fenilalquilamina principal da khat fresca, e estudos farmacológicos indicam que pode ser o composto responsável pela actividade estimulante e pelo potencial de dependência característicos da planta. Alguma da sua “decomposição” (ou produtos de transformação), tais como a norpseudoefedrina, a norefedrina, a 3,6-dimetil-2,5-difenipirazina, e a 1-fenil-1,2-propanediona, foi também isolada e caracterizada.

Uso medicinal

Os defensores do uso da khat afirmam que esta acalma os sintomas dos diabetes, da asma, e das desordens de estômago e intestinos. Os oponentes afirmam que a khat é prejudicial à saúde, suprime o apetite, e perturba o sono.

Variedades

A folhas de khat também podem ser vendidas secas ou esmagadas, ou em forma de pó. Laboratórios ilegais foram descobertos usando uma forma sintética do ingrediente mais activo da khat (a catinona), a qual é chamada de “metacatinona”, e conhecida no mercado negro como “cat”.

Uso

Uma sessão de mastigação começa por produzir um comportamento ligeiramente eufórico e um sentido de humor amigável. As folhas são colhidas dos ramos, mastigadas, e mantidas numa ou na outra bochecha. A mistura da saliva e do extracto das folhas é engolida. Quando se mastigam novas folhas, as bochechas incham. Os efeitos de euforia começam pouco depois do início da mastigação, sugerindo absorção através da mucosa oral. A sessão de mastigação e a atmosfera amigável duram cerca de 2 horas. Como parece não haver tolerância física, devido em parte às limitações da quantidade ingerida pela mastigação, não há relatórios de sintomas físicos de síndrome de abstinência.

Avisos

Os inibidores da MAO não devem ser misturados com a khat pelas razões habituais.
A khat é considerada ligeiramente perigosa, especialmente para as crianças, pessoas acima dos 55 anos de idade, e para quem usa quantidades maiores que as apropriadas durante um período de tempo prolongado.

Contra-indicações

O ritmo respiratório e a pulsação aceleram e a tensão arterial tende a aumentar. Os utilizadores frequentes também sofrem um decréscimo na capacidade funcional do sistema cardiovascular.

Cultivo

É bastante difícil cultivar a khat a partir da semente, todavia é fácil extrair cortes da planta. A Catha edulis adapta-se a uma grande variedade de solos (perto de Harar, onde a maioria da khat é cultivada, o solo diz-se ser neutral a ligeiramente acídico, embora seja rico em cálcio e contenha pouco nitrogénio) - sugere-se que a quantidade de água é mais importante que o tipo de solo, sobretudo de manhã cedo. A Catha edulis não tolera pouca drenagem e não cresce bem em solos molhados. Cresce bem ao sol, com sol parcial, ou mesmo à sombra. Na Etiópia a khat é cultivada a partir da semente, mas propaga vegetativamente através dos ramos ao nível do chão ou até meio metro de altura, e por vezes por cortes retirados dos ramos (embora estes não criem raiz tão rapidamente). As plantas nascem quando a época das chuvas começa. As partes superiores são destruídas pela geada mas a khat volta a crescer a partir das raízes – a não ser que estas também estejam congeladas. Uma boa reacção de cultivo consegue-se com fertilizantes. A aplicação de nitrogénio aumenta o crescimento vegetativo da khat, e por isso aumenta a safra.